Foi de repente que me vi deixando ele ir embora, deixando de acreditar no que não existia. Comecei a me apegar ao que valia a pena, ao que me fazia bem e não ao que me fazia lembrar dele. A saudade é traiçoeira e eu não deixaria que ela me fizesse de boba. Não mais. Tentei me convencer de que era o melhor. De que merecia mais. E foi aí que, um pouco depois, senti o tal vazio. Imenso, mas tão bom e reconfortante. Um vazio cheio de liberdade.
E então eu senti vergonha. Isso mesmo. Muita vergonha. Afinal, eu disse para todo mundo que ele nunca ia passar! Vê se pode? Bati o pé, fiz drama, coloquei músicas da Adele para ouvir e só dormia quando já estava desidratada. Ligava para as amigas e coitadas, ainda me ouviam repetir a mesma bobeira todas as vezes. Não aceitava convite de outros caras tão melhores que ele e escrevia madrugada a dentro sobre o quanto você nunca ia passar. Tudo tão patético, hoje eu vejo claramente o quão ingênua eu fui.
Mas passado esse período, eu comecei a sentir vontade de preencher o meu vazio, sabe? Com uma boa taça de vinho ou uma boa conversa com os amigos no bar. Podia ser com um novo livro ou um novo desafio na vida. E também, porque eu não quero excluir nenhuma possibilidade, podia ser sim com uma nova história e um novo alguém. Podia ser qualquer coisa, portanto que fosse novo e inspirador.
E foi a partir daí que eu (re)comecei a viver. E realmente comecei a acreditar que aquela tal frase clichê e tão batida é realmente verdade. “Tudo passa”. Incrível, não?
Texto de Maria Carolina Araujo
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